segunda-feira, 30 de junho de 2014

Notícia de Eventos vários


“Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.”
                          Sophia de Mello Breyner Andresen, in “ Dia do Mar”, Ed. Caminho

Sophia de Mello Breyner Andresen 
“A escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, cuja trasladação do corpo para o Panteão Nacional se realiza na quarta-feira, é «uma das grandes referências cívicas» de Portugal, afirmou o presidente do PEN Clube Português, Casimiro de Brito.
«Sophia foi a maior poetisa do século XX e vai ficar para sempre na literatura portuguesa. Além disso, é um exemplo cívico e de qualidade humana», disse à Lusa o escritor Casimiro de Brito.
Numa homenagem à poetisa, realizada no passado dia 26, no Porto, cidade onde nasceu, o seu filho,  Miguel Sousa Tavares, afirmou que «a melhor homenagem que se pode fazer à escrita de Sophia, dez anos após a sua morte, é reconhecer que ela continua deslumbrantemente actual».A cerimónia de trasladação da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, do cemitério de Carnide para o Panteão Nacional, em Lisboa, tem início às 16:30 de quarta-feira e inclui «uma missa de carácter privado», na capela do Rato.
A missa, à qual assiste a família, é celebrada às 17:30 pelo patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, na capela da calçada Bento da Rocha Cabral, saindo depois o cortejo, pelas 18:15, em direção à Assembleia da República, atravessando o largo do Rato, para seguir depois pela rua de S. Bento.
O cortejo passa pela Assembleia da República, não estando prevista qualquer cerimónia, segue pela avenida D. Carlos no sentido da 24 de Julho, em direcção à Praça do Comércio, rumando ao Panteão pela Sé, disse à Lusa fonte oficial.”Diário Digital / Lusa

Noventa escritores norte-americanos em Lisboa no âmbito do Projecto DISQUIET
“Noventa escritores norte-americanos, entre os quais Katherine Vaz, Sally Ashton e Terri Witek, participam, a partir de hoje , no Programa Literário Internacional em Lisboa, que inclui sessões abertas ao público, anunciou o Centro Nacional de Cultura (CNC).
Durante os quinze dias do programa, que se insere no Projecto DISQUIET, os escritores norte-americanos “confirmados ou apenas amadores” irão ter “um contacto tão abrangente quanto possível com diferentes aspectos da cultura portuguesa”, afirma o CNC, que destaca o contacto com autores lusófonos.
Neste sentido está prevista uma série de sessões abertas ao público, entre a próxima segunda-feira e o dia 11 de Julho.
Logo, hoje,  segunda-feira, às 14:30, realiza-se, na Casa Fernando Pessoa, a Campo de Ourique, uma palestra por Richard Zenith, editor da secção portuguesa de www.poetryinternational.org entre 2003 e 2005, com o qual continua a colaborar. À mesma hora, na Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, José Luís Peixoto conversa com Erica Dawson.
Ainda hoje,  mas às 18:30, no CNC, ao Chiado, é feita a palestra “Camões e os descobrimentos”, por João R. Figueiredo, professor de Literatura na Universidade de Lisboa, autor de “A autocomplacência da Mimese” e de vários ensaios sobre o poeta Luís de Camões, estando actualmente a preparar uma edição de comentário de “Os Lusíadas”.
Também às 18:30, mas na Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento, na Lapa, realiza-se um colóquio com a participação de Maria Teresa Horta, autora entre outros, da antologia de poesia erótica “As Palavras do Corpo”, a poetisa Ana Luísa Amaral e a investigadora Vanda Anastácio.
No dia 02 de Julho, na Sociedade de Geografia de Lisboa, realizam-se “workshops” orientados por Derek Nikitas, Sally Ashton e Denis Johnson.
No dia seguinte, pelas 14:30, na Livraria Ferin, Patrícia Reis, que em março do ano passado editou “Contracorpo”, conversa com Patrícia Portela, autora que participou no ano passado no International Writing Program, da Universidade de Iowa.
No mesmo dia e nesta livraria na rua Nova do Almada, pelas 18:30, o escritor Jacinto Lucas Pires conversa com Josip Novakovich, escritor nascido na Croácia, autor de “April Fool’s Day”, obra já traduzida em dez línguas.
A escritora Teolinda Gersão, que recebeu no ano passado o Prémio António Quadros pela sua obra “A cidade de Ulisses”, apresentará no dia 04 de julho, às 14:30, no CNC, a palestra “Descobrindo Lisboa”.
A capital é também um dos temas abordados pelo musicólogo Rui Vieira Nery, na palestra que apresenta, também no dia 04, mas às 18:30, no Museu do Fado, em Alfama. Vieira Nery foi investigador na Universidade de Austin, no Texas, liderou, no plano científico, a candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, e é autor de "Para uma História do Fado".
No dia 07 de julho, pelas 14:30, na Livraria Ferin, Scott Laughlin presta tributo ao poeta Alberto Lacerda, nascido na ilha de Moçambique, em 1928, e falecido em Londres, em 2007. O poeta e o seu trabalho serão evocados através das suas cartas.
Segundo o CNC, Lacerda tinha uma rede “absolutamente prolixa” de contactos internacionais, entre os quais os escritores Edith Sitwell, Arthur Waley, T.S. Eliot, René Char, Anne Sexton, Robert Duncan, Rosanna Warren e John Ashbery.
No dia 08, às 14:30, na Livraria Bertrand do Chiado, na rua Garrett, realiza-se uma conversa entre os autores Meakin Armstrong, Christopher Cerf e Catherine Tice e, às 18:30, na Férin, outra, com Alissa Nutting e Padgett Powell.
No dia 09 de Julho, Cyriaco Lopes, Terri Witek e Moez Surani realizam durante a tarde “workshops”, no Centro Nacional de Cultura e, às 18:30, Gonçalo M. Tavares faz leituras da sua obra e fala sobre a sua escrita na Fundação Luso-Americana de Desenvolvimento. Em 2010, o romance “Aprender a rezar na Era de Técnica” foi distinguido em França com o Prémio Médicis 2010, para o melhor romance estrangeiro.
A última sessão pública realiza-se no dia 10, às 18:30, na Casa dos Bicos, e junta João Tordo, que em Abril passado editou o romance “Biografia involuntária dos amantes”, e Katherine Vaz, autora, entre outros, de “Fado & Outras Histórias”.
O Programa Literário Internacional em Lisboa insere-se no Projecto DISQUIET, que foi lançado pela organização literária sem fins lucrativos Dzanc Books, com sede no Estado norte-americano do Michigan, “e parte do princípio que a imersão numa cultura estrangeira, num ambiente diferente do habitual, e a consequente quebra de rotinas, tendem a estimular a criatividade, abrindo novas perspectivas e novos ângulos de interpretação do mundo que nos rodeia, resultando num indubitável enriquecimento para todos aqueles que nele participam”, explica em comunicado o CNC.”DD

Cidade de Luanda acolhe segunda-feira Cimeira dos PALOP, Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa 
Luanda - A cidade de Luanda acolhe nesta segunda-feira (30) a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nomeadamente Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, com o objectivo de criar o Fórum a designar-se FORPALOP.
Para o efeito, os líderes dos países integrantes desse órgão começam a chegar esta tarde à capital angolana, onde já se encontra o Primeiro-ministro de Moçambique, Alberto Vaquina, em representação do presidente moçambicano, Armando Guebuza.
Segundo o programa de trabalho desta Cimeira, a que a Angop teve acesso este domingo, o encontro a ter lugar numa das salas do Centro de Convenções de Talatona, a Sul de Luanda, inicia com o discurso de boas vindas do Chefe de Estado Angolano, José Eduardo dos Santos, na qualidade de anfitrião do evento.
Seguir-se-á outro pronunciamento, desta feita por parte do estadista cabo-verdiano, Carlos Fonseca, nas vestes de presidente em exercício dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, e posteriormente dar-se-á início aos trabalhos que decorrerão à porta-fechada.
No final da reunião, os dignatários deverão aprovar uma data e local para a realização da próxima Cimeira, bem como procederão a assinatura da Declaração Constitutiva do Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (FORPALOP).
O programa prevê ainda a leitura do comunicado final que será feita pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Geroges Rebelo Chicoty.
No início da tarde, o Presidente José Eduardo dos Santos obsequiará os visitantes com um almoço oficial no Centro de Convenções de Talatona.
O regresso das delegações aos seus respectivos países está previsto para o fim da tarde de segunda-feira.
O FORPALOP é um órgão multilateral, privilegiando a concertação político-diplomática e de cooperação, bem como de aprofundamento das históricas relações de amizade e solidariedade.
Dos princípios orientadores de que se regerá o Fórum, destacam-se a igualdade, soberania e independência dos Estados membros, a não ingerência nos assuntos internos de cada Estado e o respeito pelos princípios democráticos, realça a nota.
Pugnará ainda pelo respeito dos direitos humanos e do estado de direito, o respeito pela integridade territorial, promoção da paz e da segurança internacionais, a resolução pacífica de conflitos, assim como a observância do preceituado no Acto Constitutivo da União Africana.”Angop

Goethe Institut abre jardins ao jazz
Os jardins do Goethe Institut Portugal, em Lisboa, recebem, na primeira quinzena de Julho, a 10.ª edição do festival europeu "Jazz im Goethe-Garten" (Jazz no Jardim de Goethe) (JiGG), com 10 concertos já calendarizados.
“Na edição deste ano, o festival conta com as mais recentes tendências de jazz, oriundo da Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Suíça.
A programação abre, a 01 de Julho, com os portugueses Rodrigo Amado Motion Trio + Rodrigo Pinheiro, com Rodrigo Amado, no saxofone tenor, Miguel Mira, no violoncelo, Gabriel Ferrandini, na bateria, e Rodrigo Pinheiro, em piano. Dia 02 de Julho, é a vez dos austríacos Weisse Wände, sobre quem a crítica afirma que "poesia e loucura andam perto". A primeira semana de festival encerra dia 03, com a actuação a solo do pianista italiano Umberto Petrin.
Na segunda semana, os concertos realizam-se nos dias 08, 09 e 10 de Julho. O primeiro dia é da responsabilidade do saxofonista finlandês Mikko Innanen, que a crítica do seu país identifica como um dos mais importantes jovens músicos atuais. Traz a Lisboa Mikko Innanen & Innkvisitio, um dos vários projectos do músico.
A 9 de Julho, a música está a cargo de 4s, conjunto proveniente do Luxemburgo, que combina influências rock e experimentais. Konstrukt (da Turquia) e Cortex (da Noruega) são os responsáveis pela animação do último dia da segunda semana no Goethe-Institut.
Silo Trio, dos suíços Berthet, Vonlanthen e Sartorius abrem a última semana do festival, terça-feira, dia 15. Segue-se o trio Baloni, na quarta-feira, com músicos de origem belga, alemã e francesa. O quarteto francês Émile Parisien Quartet, que leva já um década de vida, apresenta-se no penúltimo dia do festival, que encerra dia a 17 de julho, com os alemães Underkarl, sintonizados entre o jazz, a nova música, o rock, o minimal, o free jazz e a pura improvisação.”por Lusa, publicado por Marina Almeida
Chileno Juan Radrigán encerra Ciclo de Teatro
1 de Julho de 2014
19h00
Teatro D. Maria II, em Lisboa
Entrada livre
"Juan Radrigán, um dos mais destacados dramaturgos chilenos, estará em Portugal para o encerramento do Ciclo de Conversas sobre Teatro na América Latina, no dia 1 de Julho, às 19 horas, no Salão Nobre do Teatro Nacional D. Maria II.
A sessão terá início com a leitura de um excerto da obra Factos Consumados, vencedora do Prémio de melhor obra do ano pelo Círculo de Críticos de Arte no Chile, bem como do Prémio Municipal de Literatura na área de Teatro (1981). A peça retrata a opressão do poder sobre os mais fracos durante o governo militar do Chile. A leitura está a cargo dos actores da companhia residente do Teatro Nacional D. Maria II. Segue-se uma conversa com o dramaturgo, moderada pela actriz e encenadora Natália Luiza.
Vencedor do Prémio Nacional de Artes da Representação e Audiovisuais em 2011, Juan Radrigán é um impulsionador do teatro popular chileno. Está ligado ao teatro desde 1979, ano em que apresentou a sua primeira obra, Testemonios de las Muertes de Sabina. Hechos Consumados(1981), El toro por las astas (1982), Made in Chile (1984), El Pueblo de mal amor (1986), La contienda humana (1988) e El encuentramiento (1996), são algumas das suas obras mais relevantes.
Os seus textos falam essencialmente da marginalidade social no contexto político, económico e cultural da ditadura chilena. Radrigán distingue-se por ter sido o primeiro a introduzir marginalizados e indigentes como personagens principais das suas obras.
O Ciclo de Conversas sobre Teatro na América Latina é uma iniciativa da Casa da América Latina em colaboração com o Teatro Nacional D. Maria II, o Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.”CAL

domingo, 29 de junho de 2014

Ao Domingo Há Música

                                                      
                                                                «Em arte tudo está naquele “nada”.» Tolstoi

A Arte revela-se das mais variadas formas. Tem sempre um efeito surpreendente. Provoca-nos e obriga-nos a reagir. Ou nos deixamos encantar ou nos fechamos ao enlevo que não desejamos.
A música é uma das mais belas e expressivas formas de Arte. Tem a universalidade da linguagem. Não tem códigos. Não tem enigmas. Não tem fronteiras. Jorra em qualquer lugar e em qualquer tempo.
No palco da Música há actores  de excelência. Criam paraísos que descobrimos aos primeiros acordes e que nos arrebatam incondicionalmente. Chick Corea e Bobby McFerrin atestam-no em plenitude.
Armando Anthony Corea provém de uma família de músicos. Começou a tocar piano aos quatro anos . Cresceu com os sons dos mestres do jazz alternados com os grandes da música clássica. Chick Corea  afirma-se  um dos mais versáteis e excelentes pianistas da actualidade. 
Em 1972,  compôs “Spain”, um tema de grande sucesso, que tem sido  apresentado diferentemente, ao longo da sua carreira piano solo, grupos acústicos, grupos eléctricos, big bands  arranjos sinfónicos - além das inúmeras versões feitas por outros músicos.
No registo que se apresenta  da composição "Spain"Chick Corea ( pianosurge em dueto com Bobby McFerrin ( voz) no Festival de Jazz à Vienne 2012.

sábado, 28 de junho de 2014

Imagens de Nova Iorque



















Literatura Hispano-americana

Biografía de una leyenda: el ‘boom’
Xavi Ayén rastrea la historia de la literatura hispanoamericana en la Barcelona de Carmen Balcells y Carlos Barral
 Incluso a distancia ya sideral llega todavía la luz de un fenómeno extravagante. Y persiste y aumenta la incontenible curiosidad por enterarse de todo y sobre todos, incluidos compañeros de viaje, auxiliares, taxistas, chóferes o secretarias, arrendatarios y traductores, críticos y periodistas. A Xavi Ayén le gusta reivindicarlo como Boom, a otros nos gusta menos, pero es indiferente, porque el libro ofrece la óptica plural que va de un señorial Álvaro Mutis ya muy mayor, o un torturado José Donoso, hasta la timidez cortada de Sergio Pitol o del mayor lúcido del reino, Julio Ramón Ribeyro y sus impagables diarios de La tentación del fracaso desde 1950. Los reflejos luminosos de cuando entonces mantienen una vivacidad inaudita, como si el carisma se hubiese encarnado en un puñado de escritores en el español de América. Gran parte de sus obras no pasan, aunque varíe la estimación de unos y otros, y la curiosidad sigue siendo incluso morbosa, compulsiva, ante la red de significados de ruptura literaria y ética que atrajeron sobre sí tantos escritores entre principios de los sesenta y medidados de los setenta. Hubo antes buena literatura en español (sobre todo en América) y hubo después buena literatura en español (en América y España), y sin embargo sigue fragante y rumbosa la nube de factores que ligaron la alta literatura a la mayoría lectora.
Las casi 900 páginas de Aquellos años del boom pasarán a ser la enciclopedia informada, dispersa, chismosa y a menudo confidencial sobre las relaciones personales y profesionales de los escritores hispanoamericanos que encontraron en una muchacha despierta e inagotable, Carmen Balcells, y en un editor con vocación de actor, marino pirata y estrella literaria, Carlos Barral, los catalizadores para cuajar sus vocaciones literarias. El relato de Ayén sin embargo sacará de quicio al lector académico porque apenas usa nada de la bibliografía crítica sobre todos ellos y remite demasiado a menudo a la historia literaria de Giuseppe Bellini (que es de 1985). De ahí quizá se derivan algunas inexactitudes o imprecisiones insignificantes pero incómodas: el hallazgo expresivo sobre la metralla del boom, por ejemplo, no es mío; es de Dunia Gras (y el mono azul que algunos vestimos hace mil años lo imitamos del mecánico mayor García Márquez).
FOTORRELATO: el 'boom que reinventó al literatura, por J. E. Ayala-Dip (2011)
Ayén va legítimamente a su aire, como el buen periodista cultural que es, y maneja, ordena y confronta tres tipos de materiales, además de las biografías de los más relevantes autores: las entrevistas con todo tipo de testigos —entre los más sugestivos están Joaquín Marco, Salvador Clotas, Nélida Piñón, Beatriz de Moura, Elena Poniatowska, Juan Cruz, Luis Feduchi, Balcells—, los testimonios directos y actuales de muchos de los autores, y quizá lo más valioso de todo: el acceso a una parte del archivo de la Agencia Carmen Balcells y a las fuentes disponibles e inéditas que custodia la Universidad de Princeton en el Fondo Mario Vargas Llosa. Las citas son generosas, con extensos extractos de cartas inéditas de muchos de ellos, largas parrafadas de entrevistas, cruce de testimonios para intentar aclarar detalles: ¿quiso o pudo Carlos Barral editar Cien años de soledad? No. ¿Sabemos por qué García Márquez encajó un sólido puñetazo de Vargas Llosa en 1976? En el fondo tampoco, pero importa poco, aunque es divertido seguir la pesquisa en busca del fotógrafo notarial (García Márquez quiso retratarse con el ojo morado) y de la causa de que Patricia Llosa perdiese un avión cuando García Márquez la llevaba al aeropuerto en Barcelona.
¿Sabemos por qué García Márquez encajó un sólido puñetazo de Vargas Llosa en 1976? En el fondo tampoco, pero importa poco, aunque es divertido seguir la pesquisa
Esta biografía colectiva contiene retratos potentes, y muy en particular, el de Balcells y sus poderes taumatúrgicos, sus aptitudes de maga doméstica y pegajosa, irresistible y astuta, también frágil, vulnerable y sentimental, y quizá por eso indómita e incómoda para los editores y a veces para los propios autores. Pero el objetivo se abre al retrato de grupo a través de las noches de Boccacio, los encuentos en Los Caracoles y después en Flash Flash o Il Giardinetto, los barrios y esquinas míticas, las ciudades legendarias con un París que los ha vivido a todos, los contratos editoriales y los datos asombrosos, como la curva de ventas de Cortázar cruzada con la de García Márquez. Quizá porque las obras de Cortázar en 1966 llegaron a tirar 65.000 ejemplares en total y quizá porque Cien años de soledad era un libro especial, su editor en Sudamericana, Francisco Porrúa, y el dueño de la editorial, Antoni López-Llausàs, se atrevieron a tirar en junio de 1967 la enormidad de 8.000 ejemplares. Desde entonces y sin cesar, vendieron 100.000 ejemplares anuales, mientras Cortázar aumentaba la tirada de sus propias obras hasta casi 100.000, aunque no hubiese libro nuevo.
Pura brujería, desde luego, o pura magia, quizá como la que Cortázar había detectado en un capítulo de novela que lee en 1966, en la revista Mundo Nuevo, con una prosa "tan viva, tan caliente, tan fabulosamente inventiva", que necesita contárselo de inmediato a su autor, Gabriel García Márquez, para que nadie se olvide." Jordi Gracia, Babelia, 27/0672014
Aquellos años del boom. Xavier Ayén. RBA Libros. Barcelona, 2014. 800 páginas. 26 euros

sexta-feira, 27 de junho de 2014

A saudade guardou a memória

8
"Quando voltou à Quinta nesse Natal não encontrou Antero. Os pais informaram-na de que partira em  busca de um futuro melhor. Com muita persistência foi tentando  descobrir para  onde teria ido ele, mas  foi esbarrando com uma concertada fronteira pejada de obstáculos intransponíveis. Os caseiros, pais de Antero, que sempre a receberam efusivamente tornaram-se discretamente evasivos , fugindo a qualquer diálogo que renitente ela tentava encetar.
A irmã logo que a avistava, desaparecia misteriosamente invalidando desse modo qualquer tentativa de aproximação.
E deixaram-na sofrer sem uma única explicação compreensível. Antero seria incapaz de a abandonar.  Ela e ele eram infrangíveis, indivisíveis e indestrutíveis. Era um princípio tácito, inalienável e comum aos dois: jamais força alguma os poderia apartar. E durante muito tempo foi esperando por Antero.
Assim, quando terminara os estudos e voltara definitivamente para a quinta, continuara a correr para o rio esperando que ele aparecesse. Aí, deitada nas ervas atapetadas  da margem, muitas vezes fechara os olhos, julgando ouvir os passos rápidos de Antero,  quando o vento fazia vibrar o restolho na mata, mas ele nunca aparecera.
E…então  a saudade guardou  para sempre a memória dum tempo feliz.
Tornou-se mulher e os deveres sociais foram progressivamente sendo introduzidos. As festas eram frequentes nas quintas vizinhas,  fomentando o convívio entre os mais jovens.
Graça Menezes , a sua companheira de colégio,  era a sua melhor amiga. Passavam muitas horas juntas, ora na quinta de uma, ora na quinta de outra. Foi assim que ficou a conhecer melhor o irmão, Mário Alberto, um economista  muito tímido e distraído, sempre agarrado aos Tratados de Economia.
Exercia já um cargo de direcção numa Companhia de Navegação. Gostava também de poesia. Transfigurava-se quando recitava poemas. E foi pela poesia que ela se deixou conquistar, acedendo ao pedido de casamento que encheu de regozijo as duas famílias.
Então foi tempo de arranjar casa na cidade, pois era lá que   Mário Alberto trabalhava.
No dia do seu casamento, a Quinta encheu-se de convidados vindos de diversos lugares. As duas famílias tinham muitos parentes e amigos espalhados  pelo país.
Os irmãos tinham crescido e como já estavam internados nos colégios, o casamento realizou-se nas férias grandes. A temperatura amena desse verão permitiu  engalanar com mesas e cadeiras os recantos magníficos do jardim, fazendo com que as portas da mansão não se fechassem.
Mário Alberto era um homem alto e de forte constituição. Tinha uma abundante cabeleira loira geralmente  desalinhada, mas nesse dia apareceu em total e perfeito alinho.  Os olhos azuis ajustavam um olhar determinado que, apesar da sua latente timidez, teimava  em fixar com insistência quem o encarasse. Esperando-a junto ao altar, Mário Alberto fixou-a demoradamente e não mais deixou de a contemplar.
Quando partiram para a cidade teve a nítida certeza que encerrava uma parte importante da sua vida. Os pais, os irmãos, os empregados despediam-se acenando. E lá foi sem a mais  acenar  porque havia  muito tempo que  se despedira da Quinta.
Mário Alberto foi uma surpresa. Nos dias que se seguiram ao casamento recebeu em casa uma série de individualidades com quem ele privava por força  do cargo que exercia na Companhia.
A lua-de-mel estendeu-se de recepção em recepção sendo quase uma apresentação das obrigações sociais a que fora vinculada pelo casamento. E a força peculiar da vida urbana envolveu-a definitivamente. 
Quando nasceu o primeiro filho já tinha preenchido o horário social. Jogava bridge nas tardes de  segunda-feira no Clube Inglês com um grupo de senhoras conhecidas, sendo algumas mulheres de colegas do marido, outras até antigas companheiras de colégio e, em semanas alternadas, conjugava com a canasta nas casas de cada uma, incluindo a dela.
Os chás literários eram a actividade social que mais a atraiu. Aliás tinha sido ela a promotora e a autora do projecto. Cansada de tanta futilidade, concluíra que não poderia entregar-se exclusivamente a obrigações sociais cujo pesado vazio  a ia consumindo. Contudo, o marido considerava essas preocupações como remanescente de um preconceito intelectual mais acentuado devido à vida quase “monástica”  que levara no campo. Na cidade, o ritmo da modernidade exigia outra postura social. Ela deveria integrar-se no grupo social a que pertenciam e libertar-se do atavismo que ainda lhe tolhia os movimentos, pois o lugar que tinha na Companhia exigia-lhe responsabilidades adicionais, já que chegaria a Presidente da Administração num futuro bastante próximo.
Assim, na senda das aspirações do marido, resolveu lançar os chás literários que acumulavam o carácter social com o interesse relevante que a literatura sempre lhe despertara. Tinham uma periodicidade quinzenal e eram regularmente realizados com intervenções de grande qualidade.
Passou a ter uma acuidade especial com todos os novos escritores tendo alguns apresentado as primeiras obras nesses chás. Era dinâmica e entregava-se com paixão, superando sempre uma sessão pela outra que  se lhe seguia. 
Com o tempo a fama dessas sessões  espalhou-se pela cidade passando a ter um lugar cativo no horizonte cultural, sendo o local de preferência para divulgação, reflexão e promoção literárias:  romances, livros de  poesia , ensaios, revistas literárias e até outras publicações no âmbito da investigação foram objecto de muitas e variadas sessões. O público foi-se alargando e passou a concentrar muitos dos intelectuais  que ao tempo  se afirmavam. Mário Alberto era um óptimo divulgador dessa actividade nos círculos da alta finança, pelo que a diversidade de opiniões  contribuíra inequivocamente  para o sucesso desta iniciativa.
Mário Alberto também aproveitava frequentemente este espaço para  declamar alguns dos poemas que ia compondo.
E a dimensão dessa iniciativa foi tão grande que se viu obrigada a constituir uma Comissão Directiva à qual presidia, já que sozinha era incapaz de responder ao afluxo constante da procura.
À medida que os filhos iam nascendo, o tempo ia sendo precioso e o espaço da casa era ocupado pelos ruídos que as brincadeiras das crianças produziam.
Então, houve necessidade de transferir para outro local a realização  daquele evento. E foi assim que nasceu o  primeiro Clube Literário, num rés –de- chão de um edifício apalaçado, no centro da cidade.
A organização do Clube foi a sua obra prima. Canalizou todas as suas energias na edificação desse projecto que antevira desde o tempo em que descobrira o prazer da leitura.
Apelando ao mecenato obteve um número infindo de livros criteriosamente seleccionados por ela e coadjuvada por alguns dos intelectuais que frequentavam os chás, montando ,numa das salas do andar, uma valiosa biblioteca que viria a ser das mais completas  da cidade. O espólio foi sendo continuadamente aumentado e actualizado  com a oferta de novas obras que eram, muitas vezes, lançadas e apresentadas no Clube.
Nas restantes salas que compunham o andar, implantou uma galeria de arte, abrindo desse modo as portas do  Clube às Belas Artes, a fim de serem realizadas exposições de artistas consagrados ou preferencialmente de novos  talentos. Fora lá colocado  um grande piano de cauda que, por vezes, transformava  a galeria numa sala de extraordinários saraus, atribuindo-se também à  Música um espaço nobre. A última sala era efectivamente a sala de chá que primava por um discreto esplendor refreado  numa decoração que, embora elegante, privilegiava o conforto necessário  e adequado aos  longos períodos  com que decorriam os encontros  literários.
O Clube Literário passou a ser uma referência que agregou um soberbo número de sócios notáveis nos diversos domínios do conhecimento e que apoiou através da utilização da biblioteca a aprendizagem de  muitos alunos liceais e universitários.
Mário Alberto viria mais tarde a ser agraciado com  uma comenda pela contribuição cultural que o Clube prestava à cidade. Nesse tempo, a mulher era ainda discriminada. Ao homem bastava  ser homem  para ser o natural  responsável pelos êxitos.
Continuou durante muito tempo a pertencer à Comissão Directiva do Clube , mas com o nascimento e o crescimento dos filhos foi obrigada a reduzir a  sua intensa participação até para contrariar a pretensão de Mário Alberto de internar os filhos em  colégios de renome para adquirirem uma sólida educação.
A maternidade revelava-lhe a sua essência primeira. Considerou que deveria prioritariamente criar um ambiente saudável para o desenvolvimento harmonioso dos filhos que iam aumentando anualmente. O marido embora fosse um pai responsável e, apesar da agitada vida profissional, fosse também um pai bastante presente era, contudo, muito parco nas manifestações de carinho, pelo  que lhe coube sempre a ela a materialização dos afectos e a prodigalização da ternura. Fê-lo abundantemente, rodeando os filhos de carinho permanente.
Mário Alberto tinha um carácter bastante temperamental, apresentando uma instabilidade emocional que se traduzia frequentemente em mudanças repentinas de humor que se foram agudizando com a idade. Aos filhos foi com muita perícia e constante atenção ocultando esses momentos, valendo-se da privacidade estratégica que o gabinete de trabalho e os aposentos do casal  detinham, ambos situados num dos extremos da casa. Apesar dessa faceta, o marido amava-a profundamente,  respeitando-a , quer como esposa, quer como mulher detentora de superior cultura, como dizia ele com ênfase e  solenidade.
Quando o seu pai  faleceu já todos os irmãos estavam casados e era um deles que superintendia a gestão da Quinta. A mãe  muito abatida pela inesperada tragédia, o pai sempre fora muito saudável e nada indiciava uma morte repentina, decidira  abandonar a Quinta e vir  viver com ela, na cidade.
A presença constante  da Avó veio permitir aos seus filhos o desenvolvimento salutar dos laços de cumplicidade familiar resultantes do apoio seguro e carinhoso que a Avó lhes prestava.
Para ela  a presença da mãe foi a pedra angular que cimentou e fortaleceu  a sua relação com a cidade. A mãe  fora sempre uma forte presença na sua vida.
A exploração da cidade na companhia da mãe revelou-se um prazer inacabado que quotidianamente ia sendo alargado. Descobriu o rio de águas imensas, cruzado por barcos e por paquetes cheios de gentes diversas, ávidas da luminosidade única do Sul. Extasiou-se com as traineiras junto ao cais do mercado que emprestavam à paisagem um soberbo colorido matizado tornando-a o alvo eleito de contínuos disparos das máquinas fotográficas.
E nos bancos dos jardins fronteiros ao rio expurgou e redimiu os hiatos que a afastaram de fruir a paz que só um rio lhe podia  oferecer.
Os passeios com os filhos à beira-rio passaram a ser realizados com a ajuda da mãe e muitas vezes com a presença do pai que, invariavelmente, acabava por teorizar sobre a importância do rio no desenvolvimento da cidade. Os filhos recebiam uma lição de História  que  remetia para a  posição estratégica da cidade face ao mundo. O passado era uma manta retalhada de marcas de sucessivas invasões feitas pelo rio, mas também o cais de partida para a descoberta do mundo que convertera a cidade num grande entreposto comercial na  era que seguiu os descobrimentos.  Quando havia  navios da  Companhia de Navegação atracados, Mário Alberto   levava  a família a bordo e, então, era um feliz  desassossego com os filhos que desejavam  apreender a  engrenagem que suportava  esse grande habitáculo. O Comandante fazia as honras e o Imediato levava os rapazes que eram sempre  os mais curiosos, à ponte de comando e à  sala das máquinas.
As raparigas ficavam a visitar os imensos salões e os espaços exteriores onde eram repetidamente seduzidas pela brilhante piscina azul  rodeada por enormes cadeiras extensíveis onde se estendiam logo que lhes era dada permissão.
O jardim zoológico e o jardim botânico foram muitos dos destinos que ajudaram a completar a educação dos filhos pela observação directa da natureza, recriando a atmosfera natural que a  Quinta lhe proporcionara.
A educação dos filhos foi durante o tempo do seu crescimento a ocupação maior  da sua vida. A mãe foi uma ajuda incomensurável que deu força a todos os seus esforços . Quando morreu já Marito era um rapazinho.
Marito, o filho que viera tarde  e  a relançara no tempo que julgara para sempre perdido, o tempo da fecundação, o tempo da redenção celebrada com Mário Alberto que, avaramente, a tinha enredado num platonismo contemplativo redundante e desenfreado. Os carinhos não ultrapassavam o plano da verbalização poética, deixando-a exangue  e impoluta perante  o natural e persistente  desejo sexual que a acometia e ele parecia ignorar. Naquela época, ainda não sabia das disfunções mentais que determinavam as sistemáticas alterações comportamentais do marido.
Entretanto, a Mãe, que vivera com eles até ao fim da vida, regozijava-se com a ternura e gentileza verbais  com que Mário sempre a tratava e que fazia daquele  lar uma estruturada referência de vida para os netos.
Ela sabia que jamais poderia partilhar os seus anseios e desalentos com a Mãe e tão só com outro alguém. Assim, o nascimento de Marito reposicionou-a novamente no lugar da mulher fecunda e fecundadora, matriz dorsal da sua identidade primária. E este filho foi mais amado do que todos os outros. Era o filho do tempo último, era o tempo do último filho." Maria José Vieira de Sousa, in " O Lugar, memórias de um romance"

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Hoje também Há Música

A música acompanha qualquer dia, qualquer hora, qualquer tempo. É uma permanente fonte de deleite. Sem música , o silêncio transformar-se- ia em puro ruído.
"Madame Butterfly"  de Giacomo Puccini é um bálsamo para todos os dias. Eis  o " Love Duet" , nas vozes de  Ying Huang - Cio-Cio-San (Mme Butterfly) e Richard Troxell - B. F. Pinkerton, (Lieutenant, U.S.N), sob a direcção de Frédéric Mitterrand, em 1995.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

As profissões do futuro

As profissões do futuro
Desenhadores de avatares, conselheiros genéticos, guias turísticos espaciais, pilotos de drones civis, mecânicos de robôs... O futuro, visto daqui, vai trazer um mundo de novas ocupações, de empregos criados pelas necessidades que ainda vamos ter. Quer saber quais são?
Por Alexandra Correia
"De agricultor “chef “a consultor de privacidade, aqui ficam três dezenas de profissões que podem marcar o futuro
  • Agricultor 'chef' - Ser chefe de cozinha é uma profissão actualmente na moda. O futuro passará pelos chefes que cultivam os próprios produtos
  • Planificador de identidade digital - Uma pessoa para criar e manter a nossa identidade (ou marca) online
  • Enfermeiro de saúde ligada ao meio ambiente - Um enfermeiro para nos ajudar a combater os efeitos nefastos do meio ambiente na saúde
  • Organizador da comunidade online - Trabalha para uma empresa, organizando a comunidade online da mesma
  • Coordenador de cuidados pessoais - Faz a ponte entre o indivíduo e as organizações de saúde e de serviços
  • Arqueólogo digital - Especialista em eliminar o rasto digital de pessoas e empresas
  • Curador - As medicinas alternativas têm um papel cada vez mais preponderante nos cuidados de saúde
  • Gestor de marca pessoal - São agentes de talento que ajudam as pessoas a planificar as carreiras e a encontrar novas oportunidades
  • Agregador de talento - No futuro, as empresas podem ser reduzidas a um núcleo de base. Estes agregadores poderão juntar equipas pontuais para determinados projectos
  • Escritor wiki - Um escritor versátil que trata informação de diversas áreas e em diversos estilos
  • Arquitecto de realidade virtual - Especialista em montar redes de realidade virtual
  • Gestor de avatares - Este especialista trabalhará dentro das empresas para as ajudar a gerir as relações virtuais
  • Conselheiro laboral - É uma evolução dos mentores ou tutores que já existem em algumas empresas. Uma espécie de assessor profissional
  • Gestor de nuvens - Conseguir fazer chover ou, pelo contrário, afastar as nuvens para deixar passar o sol, conforme as necessidades, pode ser possível no futuro. Haja técnicos para as manipular
  • Cirurgião de aumento de memória - O aumento da esperança média de vida poderá fazer surgir uma nova maravilha da medicina
  • Designer de órgãos - Alguém que vai desenhar órgãos humanos artificiais, que irão revolucionar os transplantes
  • Guia turístico espacial - As viagens ao espaço são já uma realidade para uns quantos eleitos. Com a sua massificação, no futuro, virão não só os pilotos como os guias turísticos
  • Assistente de nutrição - Alguém que se contrata para nos aconselhar nas compras de alimentos, na gestão de calorias ingeridas e na confecção das refeições
  • Conselheiro genético - Um especialista que ajuda as famílias a prevenir problemas de saúde dos filhos que hão de ter
  • Mecânico de robôs - A massificação prevista dos robôs pessoais vai exigir que os indivíduos tenham um mecânico à mão
  • Advogado de animais - Já se fala em direitos jurídicos dos animais. Falta ter quem os defenda
  • Nanomédico - O médico que trabalha a uma escala tão reduzida como a das moléculas
  • Consultor de sustentabilidade - A pessoa que vai indicar às empresas como ter lucros a partir das políticas amigas do ambiente
  • Agricultor vertical - Os campos cultivados do futuro poderão passar por fachadas de arranha-céus
  • Terapeuta respiratório - A poluição do ar trará cada vez mais doenças respiratórias. Vai ser preciso ter quem ajude as pessoas a respirar
  • Pediatra fetal - Já se fazem cirurgias intra-uterinas. O pediatra fetal irá curar problemas de saúde antes do nascimento
  • Especulador/banqueiro de moedas alternativas - As moedas virtuais já começam a aparecer e, com elas, uma nova categoria de especialistas
  • Especialista em 'crowdfunding' - Um entendido em obter fundos através do financiamento da multidão que está online
  • Arquivista pessoal - Alguém que organiza e cataloga a nossa vida digital
  • Consultor de privacidade - Um especialista que identifica vulnerabilidades em termos de segurança, física e virtual"
Alexandra Correia (texto publicado na VISÃO 1102, de 16 de Abril)

O mundo moderno estonteante

Vincent Van Gogh, deux- fillettes
Educação para um Mundo Difícil
“Os jovens que não sejam completamente frívolos estão preparados para descobrir que, no mundo de hoje, os seus impulsos de boa vontade fracassam na procura de uma qualquer linha de acção que possa diminuir os perigos do tempo presente. Não vou pretender que há uma resposta simples ou fácil para a sua desilusão, mas penso que uma educação adequada poderia fazer com que esses jovens se sentissem mais capazes de perceber os problemas e de, criticamente, julgar esta ou aquela solução sugerida. 
Há inúmeras razões que tornam os nossos problemas difíceis de resolver, senão mesmo de entender. A primeira diz respeito ao facto de a sociedade e a política modernas serem governadas por capacidades difíceis que poucas pessoas entendem. O homem da ciência é o moderno curandeiro. Pode fazer todo o tipo de magia. Pode dizer "Faça-se luz" e a luz aparece. Pode aquecer-nos no Inverno e, no Verão, manter fresca a nossa comida. Pode transportar-nos através do ar, tão depressa como um tapete mágico das “1001 noites”. Promete exterminar os inimigos em poucos segundos e só nos desaponta quando lhe pedimos para prometer que os nossos inimigos não nos irão exterminar. Tudo isto é conseguido por meios que só para uma pessoa num milhão não aparecem como completamente misteriosos. E enquanto os místicos nos contarem histórias de maravilhas futuras, não saberemos dizer se é possível ou não acreditar.
Um outro aspecto que torna o mundo moderno estonteante é o facto de os desenvolvimentos técnicos terem tornado necessária uma nova psicologia social. Desde os tempos remotos até ao século presente, o caminho para o sucesso consistia na vitória em competição. Descendemos de muitos séculos de progenitores que exterminaram os seus inimigos, ocuparam as suas terras e se tornaram ricos. Em Inglaterra, este processo deu-se no tempo de Hengist e Horsa[1]. Nos Estados Unidos, ocorreu nos séculos XVIII e XIX. Somos assim levados admirar um certo tipo de carácter, nomeadamente, aquele que permite matar de forma eficaz e sem ressentimentos. Os seguidores mais moderados desta crença, contentam-se com infligir morte económica em vez de morte física, mas a psicologia de ambos é muito parecida. No mundo moderno, como resultado do aumento destas capacidades mortíferas, este processo já não se revela satisfatório. No mundo moderno, mesmo os vitoriosos sofrem mais do que se não tivesse havido guerra. Isto é óbvio para os britânicos, que estão a sentir os resultados de duas vitórias totais em duas grandes guerras,. O que se aplica na guerra, aplica-se também na esfera económica. Os vitoriosos numa competição não enriquecem tanto como poderiam enriquecer pela união das duas partes oponentes. Ora, a apreciação semi-consciente destes factos produz nos jovens inteligentes um impulso para uma boa-vontade geral, impulso este que é anulado pela hostilidade mútua dos grupos poderosos. Referimo-nos à boa vontade em geral, não à boa vontade em particular. Um hindu pode amar a humanidade mas não deve amar um paquistanês; um judeu pode acreditar que todos somos uma grande família, mas não se deve atrever a incluir os árabes neste sentimento; um cristão pode pensar que o seu dever é amar o próximo, mas apenas se o próximo não for comunista. Perante estes conflitos entre o geral e o particular, é impossível ter um qualquer princípio claro de acção. Dificuldade que se deve a uma incapacidade geral para adaptar a natureza humana à técnica. Os nossos sentimentos são apropriados a nómadas belicosos de regiões desertas. Mas, com a técnica que hoje possuímos, a menos que os nossos sentimentos se tornem mais cooperantes, seremos conduzidos ao desastre.
A educação, ao visar adaptar-se às nossas necessidades actuais, deve conduzir os jovens à compreensão dos problemas levantados por esta situação. A transmissão de conhecimento na educação teve sempre dois propósitos: por um lado, fornecer capacidades científicas e técnicas[2]; por outro, dar algo vago a que podemos chamar sabedoria[3]. A parte da aquisição das capacidades, torna-se cada dia mais alargada, e ameaçada cada vez mais, a parte devotada à sabedoria. Ao mesmo tempo, temos que admitir que, no nosso mundo, a sabedoria é impossível, excepto para quem percebe quão grande é o papel representado por essas capacidades, pois são elas a característica distintiva do nosso mundo. Durante a última guerra, quando jantava com os Fellows da minha faculdade, descobri que os cientistas estavam quase sempre ausentes mas, nas suas raras aparições, vislumbrava-se um trabalho misterioso, que poucas pessoas vivas podiam entender. Foi o trabalho de homens deste género que foi determinante na guerra. Estes homens formam inevitavelmente uma espécie de aristocracia, já que as suas capacidades são, e serão, raras pelo menos até que, por algum novo método, se possam aumentar as aptidões congénitas da humanidade. Por exemplo, há muito trabalho importante que apenas pode ser realizado pelos que são bons em matemática avançada. E, a imensa maioria da humanidade nunca será capaz de se tornar boa em matemática avançada, mesmo que a sua educação fosse direccionada para esse fim. Os homens não são iguais em capacidades congénitas e qualquer sistema educativo que assuma o contrário leva ao desperdício desastroso de bom material.
Mas, apesar de necessária, a capacidade científica não é de forma alguma suficiente. Uma ditadura de homens de ciência depressa se tornaria horrível. Seria fácil de comprovar que a capacidade científica sem a sabedoria pode ser puramente destrutiva. Por esta razão, se não por outra, é de grande importância que aqueles que recebem uma educação científica não sejam meramente científicos, mas adquiram aquele conhecimento que, caso possa ser transmitido, pode apenas sê-lo através do lado cultural da educação. A ciência permite-nos conhecer os meios para qualquer fim escolhido mas não nos ajuda a decidir que fins deveremos perseguir. Se se quiser exterminar a raça humana, a ciência mostrará como fazê-lo. Se se quiser conseguir que a raça humana seja tão numerosa que fique à beira da fome, a ciência mostrará também como o fazer. Se se quiser assegurar prosperidade adequada a toda a raça humana, a ciência dirá o que fazer. Mas a ciência não poderá dizer se um destes fins é mais desejável do que o outro. Nem dará aquela compreensão instintiva dos seres humanos que é necessária se não se pretende que as suas acções despertem uma oposição violenta que, depois, apenas uma tirania feroz poderia fazer parar. Não se pode ensinar paciência, não se pode ensinar simpatia, não se pode ensinar o sentido do destino humano. Na educação formal, e na medida em que estes aspectos podem ser ensinados, o mais provável é que resultem da aprendizagem da História e da grande Literatura.
A familiaridade com a grande literatura foi um dos objectivos da educação reclamados desde o tempo de Peisistrato[4]. De facto, os atenienses perseguiam sabiamente este objectivo: aprendiam Homero de memória e eram capazes de apreciar os grandes dramaturgos, mesmo os seus contemporâneos. Mas os métodos modernos suplantaram tudo isto. Deram-me, quando era muito novo, um pequeno livro chamado A Child's Guide to Literature[5]. Neste livro, guiada por alguma inteligência sobrenatural, as crianças faziam perguntas acerca dos grandes escritores ingleses, na correcta sequência cronológica, começando por "quem foi Chaucer?". Lamento dizer que nunca fui muito adiante neste livrinho. Se tivesse avançado, teria sido capaz de dizer apenas aquilo que os examinadores esperavam que fosse dito sem ter lido uma única palavra dos autores implicados. Receio bem que a necessidade dos exames e a extensão (desnecessária) dos currículos, tenham tornado demasiado comum aquela forma de estudar literatura. Ora, uma pessoa pode tornar-se melhor por ter lido Chaucer mas, se não o ler, sabendo apenas as datas e o que sobre ele disseram críticos eminentes, isso não tornará ninguém melhor do que saber as datas de um qualquer obscuro desconhecido. O bem que deriva da grande Literatura só aparece em pleno naqueles que se lhe tornam familiares, que a deixam penetrar na textura dos seus pensamentos quotidianos. Acho pois admirável que as crianças representem Shakespeare na escola. Há então uma razão óbvia para ficar a conhecê-lo bem e, além disso, a tarefa é cooperativa em vez de competitiva. Estou certo que representar uma das boas peças de Shakespeare é uma forma melhor para adquirir aquilo que é valioso na educação literária do que uma leitura apressada de toda a obra. Nas gerações passadas, as pessoas de expressão inglesa tinham o mesmo tipo de treino em prosa através da familiarização com a Versão Autorizada da Bíblia mas, desde que a Bíblia se tornou desconhecida, nada de tão excelente tomou o seu lugar.
Em oposição à Literatura, no ensino da História a escassez pode ser de grande utilidade. Para aqueles que não vão ser historiadores profissionais, aquilo que nos Estados Unidos da América se chama um survey course pode, se bem feito, dar um sentido valioso do processo mais vasto no qual ocorrem os acontecimentos próximos e familiares. Esses cursos deveriam lidar com a História do Homem, não com a História deste ou daquele país, muito menos com a de cada um. Deveria começar com os factos mais antigos, conhecidos através da Antropologia e da Arqueologia, e dar sentido à emergência gradual daquilo que, na vida humana, dá ao Homem o lugar que merece. O ensino da História não deveria apresentar como heróis mundiais aqueles que dizimaram o maior número de "inimigos" mas, pelo contrário, aqueles que se notabilizaram na expansão do capital mundial de conhecimento, beleza e sabedoria. Um tal ensino, deveria mostrar o estranho poder de ressurgimento daquilo que é valioso na vida humana, poder esse que desafiou o tempo, a selvajaria e o ódio, mas que, ainda assim, emerge de novo na primeira oportunidade possível, como a erva no deserto depois da chuva. Enquanto a juventude possui alguma plasticidade de desejos e esperanças, deveria ser desviada do desejo de vencer os outros seres humanos e despertada para a vontade de vencer aquilo que, até agora, encheu a vida do homem de sofrimento e tristeza – quer dizer, vencer as forças da natureza relutantes em dar os seus frutos, as forças da ignorância militante, as forças do ódio e a profunda subjugação ao medo, herança da original impotência da humanidade. Tudo isto deveria e poderia ser dado por um survey em História. Tudo isto, se entrar na textura diária do pensamento humano, tornará os homens menos precipitados e loucos.
Uma das maiores capacidades que a educação pode e deve dar é o poder de vislumbrar o geral no particular; o poder de sentir que, apesar de isto estar a acontecer-me a mim, é muito parecido com o que acontece aos outros, com o que aconteceu durante séculos e com o que pode continuar a acontecer. É fácil sentir que a desgraça de cada um, as injustiças que sofremos ou as malevolências de que somos alvo são especiais e peculiares. Isto aplica-se não só ao próprio, como à sua família, classe, nação, ou mesmo continente. Porém, em resultado da educação, é possível ver esses acontecimentos com justiça imparcial. De outro modo, é improvável alcançar jamais essa imparcialidade.
A Educação pode conseguir tudo isto. Tudo isto deve ser feito pela educação. Pouco disto é feito pela educação.” Bertrand Russel, in "Fact and Fiction", Londres: George Allen & Unwin Ltd, 1961
[1] Nomes dos dois irmãos que, de acordo com a tradição, lideraram a invasão Jutish à Bretanha e fundaram o reino de Kent. (The Columbia Encyclopedia, Sixth Edition. 2001, N.T.)
[2] Skill em inglês (N.T.)
[3] Wisdom, em inglês (N.T.)
[4] Peisistrato (605-527 B.c.), estadista ateniense, filho de Hipócrates. Foi responsável pela proeminência de Atenas no mundo grego ao unificar a região da Ática e ao melhorar rapidamente a prosperidade ateniense. Enalteceu o prestígio cultural de Atenas com grandes festivais e construiu fontes e templos (como o grande templo de Zeus em Atenas). (N.T.)
[5] Guia de Literatura para as  Crianças  (N.T.) 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Uma Outra História de Regressos

Cátedra Eduardo Lourenço, Universidade de Bolonha , 5 Dezembro 2007
Uma Outra História de Regressos: Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa
Por Margarida Calafate Ribeiro

                                                               Para Eduardo Lourenço
                                                               Para Helder Macedo
                             Para mim Portugal acabou.1
                            Acabou-se Moçambique. 2
                                 Angola deixou de existir. 3      
                                                A Guiné apagou-se.Varreu-se do mapa.4 

"Sou da primeira geração de portugueses da segunda metade do século XX que cresceu em liberdade. A geração que fez o exame da antiga 4a classe entoando "Uma gaivota voava, voava", clamando a sua infantil liberdade e respeitando o tom revolucionário que então se respirava, sem mais Américo Tomás ou Marcelo Caetano nas paredes da sala de aula. Cresci e passei a minha adolescência a ouvir o som do rock português clamando que queria ver Portugal na então CEE. Europa, “sonho futuro” anunciado desde 46, por Adolfo Casais Monteiro, era agora o sonho futuro dos jovens dos anos 80, filhos daquela geração que lutou ao longo dos anos 50 e 60 contra a ditadura, a falta de liberdade, a mesmidão do país onde nada acontecia, como dizia Alexandre O’ Neill; a mesma geração que teve o azar histórico de participar na grande tragédia da nossa contemporaneidade que foi a Guerra Colonial em África. Enfim filhos de uma geração de portugueses que nunca regressou, atormentada pelos fantasmas da guerra, eternamente se questionando sobre o que fazer a “este preto que cairá para sempre, a cada segundo, de umbigo roto, no interior de mim…”5, como se evoca tragicamente na obra de António Lobo Antunes, uma das primeiras vozes literárias dessa geração educada na Mocidade Portuguesa, destruída nos “cus de Judas” africanos, que teve os filhos pela Rádio, sujou as mãos e a alma no naufrágio final do império e que, regressava para filhos que não os conheciam, para mulheres que já não os entendiam, para um país que tinha vivido sem eles e que ainda hoje os estranha, assim insistindo para que a memória da guerra só a eles pertença.
Assisti e tenho memória dos regressos desses pais que só se conheciam na fotografia e que de repente estavam em nossa casa, dormiam com a nossa mãe, falavam vagamente connosco e hesitavam em exprimir o seu carinho. Depois do 25 de Abril houve também o regresso de muita gente que eu não sabia que também tinha partido: emigrantes chegados de países europeus, exilados regressando do estrangeiro e retornados desembarcados de África. Portugal era para todos estes “regressados” um país imaginado: idílica paz para os soldados cansados da guerra ou início da “guerra seguinte”; realização de sonhos políticos para os exilados, porto seguro para exorcização de todas as humilhações passadas nas terras de emigração; metrópole imaginada e lugar de retorno obrigatório para os retornados; país de emigração para os “retornados” que nunca tinham partido. Na escola os colegas vinham de todos os sítios: de França ou da Alemanha, tinham nascido em África, porque os pais tinham estado lá na guerra ou viviam em África e de lá tinham vindo, o que os fazia vibrar com a independência de Angola ou de Moçambique e, contra a vontade dos pais, traziam a bandeira dessa terra que confusamente diziam também ser a deles, recusando assim o Portugal atrasado que nós para eles representávamos, mas comungando connosco da vida à solta que então se vivia. Na escola e em casa a revolução estava em marcha: os nossos pais adormeciam capitalistas e acordavam nacionalizados, viviam em intermináveis reuniões e à noite ainda íamos com eles a constantes sessões de esclarecimento, de onde toda a gente voltava a discutir imenso quebrando-se assim, no nosso entendimento, o propósito da ida; na escola, à semelhança dos adultos, organizávamos também a nossa revolução, com as Assembleias Gerias de escola, as nossas sessões de esclarecimento e as nossas campanhas pelo A ou pelo B, com vista à eleição dos nossos representantes. Recordo desses tempos o ambiente de debate que dominava a sala de aula, os nossos malogrados cultivos agrícolas no que tinha sido o jardim da escola, os Estudos Sociais em vez da História, Fernão Mendes Pinto em vez de Camões, os trabalhos sobre Karl Marx ou Engels, a ânsia dos professores em nos darem tudo aquilo a que não tinham tido acesso,em nos educar como cidadãos responsáveis e democratas, capazes de, como os nossos pais, apaixonadamente discutir tudo. Como mais tarde me esclareceu Eduardo Lourenço, em “O Labirinto da Saudade”, nessa época Portugal estava em discussão 6. Eu, tinha sido testemunha." Margarida Calafate Ribeiro
1 Augusto Abelaira, Sem Tecto entre Ruínas, Lisboa: Sá da Costa, 1982.
2 Lobo Antunes, António, Fado Alexandrino, Lisboa: Dom Quixote, 1989.
3 Rocha de Sousa, Angola – Crónica de uma Deriva, Lisboa: Contexto, 1999.
4 Álamo Oliveira, Até Hoje, Memória de Cão, Lisboa: Ulmeiro, 1986.
5 Lobo Antunes, António, Fado Alexandrino, Lisboa: Dom Quixote, 1989, p. 40.
6 Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade, Lisboa: Dom Quixote, 1982, p. 6
Margarida Calafate Ribeiro é investigadora no Centro de Estudos Sociais e docente nos programas de doutoramento do Centro de Estudos Sociais/ Faculdade de Economia, “Pós-Colonialismos e Cidadania Global” e “Democracia no Século XXI”. Responsável pela cátedra Eduardo Lourenço, do Instituto Camões e da Universidade de Bolonha.
Os seus actuais interesses de investigação incluem estudos pós-coloniais, literatura portuguesa e de países de língua portuguesa, história do império português, em particular o império africano e as guerras coloniais; mulheres e guerra. Actualmente, coordena os projectos de investigação “Poesia da Guerra Colonial: ontologia do ‘eu’ estilhaçado” e “Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações”, financiados pela FCT.
Das suas publicações, destacam-se os livros África no Feminino: as mulheres portuguesas e a Guerra Colonial (Afrontamento, 2007); Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo (Afrontamento, 2004); Atlantico Periferico. Il Postcolonialismo portoghese e il sistema mondiale, (org. com Roberto Vecchi e Vincenzo Russo) (Reggia Emilia, Diabasis, 2008); Lendo Angola (org. com Laura Cavalcante Padilha) (Afrontamento, 2008); Moçambique: das palavras escritas (org. com Maria Paula Meneses) (Afrontamento, 2008); Fantasmas e Fantasias Imperiais no Imaginário Português Contemporâneo (org. com Ana Paula Ferreira) (Campo das Letras, 2003).