segunda-feira, 25 de março de 2013

Do Mundo e das Letras


Quando o nome pode ser todo um programa
por ANSELMO BORGES
“Não foi para mim completa surpresa o cardeal argentino Bergoglio, jesuíta. O que constituiu surpresa foi a escolha do nome: Francisco, sugerido pelo colega, cardeal Hummes, de São Paulo, quando o abraçou e lhe disse: "não te esqueças dos pobres." O Papa Francisco explicou: "Essa palavra entrou aqui (apontou para a cabeça): os pobres. Pensei imediatamente em Francisco de Assis. Assim surgiu o nome no meu coração." E exclamou: "Ah, como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres", provocando a ovação dos jornalistas.
E as suas palavras e gestos têm correspondido ao que o nome de Francisco de Assis representa. A simplicidade não teatral, até no vestir e calçar, inclinar-se perante a multidão, a fala cordial e descomplicada, uma cruz peitoral barata, o desejo de "bom descanso" e "bom almoço", ir pagar as despesas de hospedagem, o humor, palavras de ternura e compaixão: isso aproximou-o das pessoas, que agora se podem aproximar, pois é um homem entre homens e mulheres, como Cristo. "Cristo é o centro; o centro não é o sucessor de Pedro." Afinal, a Constituição da Igreja é mesmo o Evangelho e não o Código de Direito Canónico.
Sublinhe-se o seu respeito pela liberdade de consciência. "Tinha-vos (aos jornalistas) dito que vos daria de todo o coração a minha bênção. Muitos de vós não pertencem à Igreja Católica, outros não são crentes. Dou-vos de coração esta bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que cada um de vós é filho de Deus. Que Deus vos abençoe."
No passado dia 12, frente àquela pompa toda dos 115 cardeais a entrar na Capela Sistina, para o conclave, perguntei-me pela simplicidade do Evangelho e sobretudo quem representava as mulheres, as famílias, os jovens, os católicos em geral. A Francisco de Assis pareceu--lhe uma vez, numa pequena ermida, ouvir dos lábios de Cristo crucificado: "Francisco, repara a minha Igreja, que ameaça ruína." Espera-se que o Papa Francisco refaça o rosto da Igreja tão desfigurado. No quadro de uma Igreja-instituição descredibilizada, que reforme a Cúria Romana, tornando-a ágil, transparente e colegial. Significativamente, Francisco tem-se referido a si mesmo como bispo de Roma e não como Papa, transmitindo a mensagem de que quer descentralizar, tornando eficaz a colegialidade dos bispos: ele exerce o ministério da unidade numa Igreja solidariamente co-responsável. Francisco tem força e determinação para acabar com os escândalos da pedofilia, do Vatileaks, do Banco do Vaticano.O peruano Vargas Llosa, prémio Nobel da literatura, agnóstico, pensa que Francisco "parece moderno" e espera que "inicie o processo de modernização da Igreja, libertando-a de anacronismos como não tratar temas como o sexo e a mulher". Francisco de Assis impôs-se também pela fraternidade. Como poderá então Francisco Papa esquecer mais de metade dos católicos, as mulheres, ainda discriminadas na Igreja, povo de Deus? Um pormenor: dirigiu-se ao povo como irmãos e "irmãs". E como pode não proceder a uma revisão da atitude da Igreja face ao corpo e à sexualidade? Aí está a questão dos anticonceptivos, do celibato obrigatório - neste domínio, talvez comece pela ordenação de homens casados. Neste contexto de fraternidade franciscana, pode contar-se com a sua luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, dos mais débeis, para que todos possam realizar dignamente a sua humanidade. O meio ambiente, os problemas ecológicos, a preservação da natureza, criação de Deus e habitação da humanidade não serão esquecidos.” Anselmo Borges em Artigo de Opinião publicado no DN de 23/03/2013

UNESCO ATRIBUI CÁTEDRA À UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Património Cultural Imaterial e Saber Fazer Tradicional
"A UNESCO atribuiu à Universidade de Évora a Cátedra de Património Cultural Imaterial e Saber-Fazer Tradicional, dirigida por Filipe Themudo Barata.
Segundo Filipe Themudo Barata, “a Cátedra assenta numa estreita parceria entre Portugal e Cabo Verde e os resultados desse trabalho poderão ser ampliados ou transferidos para outros países, como Angola e Moçambique”. Ainda segundo este responsável, “os diferentes seminários e palestras serão realizados, preferencialmente, em regime de ensino à distância”. A Cátedra UNESCO na Universidade de Évora integra “ projectos que correspondem a prioridades da UNESCO e às Metas de Desenvolvimento do Milênio”, acrescenta.
Este trabalho baseia-se numa rede de investigadores e instituições na região do Mediterrâneo e em África para apoiar a investigação, a formação, os alunos e a mobilidade dos profissionais, bem como a partilha de conhecimentos nas áreas de património tangível e intangível e do saber fazer tradicional.
Em conjunto com uma ampla rede de parceiros, será desenvolvido e implementado um programa de cooperação para apoiar, do ponto de vista científico, a criação de um centro de investigação de excelência da Universidade de Cabo Verde (UNICV).
É objectivo da Cátedra UNESCO fornecer formação pós-graduada nas áreas de património imaterial e saber-fazer tradicional, bem como oferecer acções de formação de curta duração suportadas em TIC, dirigidas não só a profissionais, mas também a grupos sociais frágeis e marginalizados.
Na Cátedra UNESCO prevê-se que se projectem e implementem actividades que visem melhorar o conhecimento de jovens investigadores e profissionais sobre o património material e imaterial, bem como no saber-fazer tradicional, visando desenvolver as competências de actores públicos e privados a nível local, nacional e regional, nas áreas em foco.
Filipe Themudo Barata foi nomeado Professor Associado de História Medieval, fez a agregação na Universidade de Évora em 2004, onde leciona várias disciplinas e seminários relacionados com História (especialmente Medieval), Património e Museologia. É membro da Comissão Científica e Pedagógica do Mestrado Erasmus Mundus TPTI - Techniques, Patrimoines, Territoires de l'Industrie, membro do Comité de Direcção da Associação HERIMED (Palermo), Professor convidado na Universidade de Cabo Verde e membro associado do Centre d'Histoire des Techniques (Paris Sorbonne - Panthéon). Tem liderado várias equipas de projecto sobre história e património."  + info
 
Assírio & Alvim vai editar obra de Sophia Mello Breyner

“O grupo Porto Editora anunciou no  Dia Mundial da Poesia, a edição completa da obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Em comunicado enviado à Lusa, o grupo revelou que ainda no decorrer de 2013 serão publicados pela Assírio & Alvim as primeiras obras da poetisa portuense: Poesia (originalmente publicado em 1944), Coral de 1950, No Tempo Dividido, de 1954, e de 1958.
Vasco Teixeira, Director editorial do grupo editorial, afirmou que a possibilidade de se publicar a obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen na Assírio & Alvim estava a ser analisada há algum tempo e que este anúncio não podia acontecer em melhor data.
"Estamos particularmente satisfeitos com a concretização deste nosso desejo. A Assírio & Alvim é a casa ideal para dar a visibilidade que a obra poética da Sophia de Mello Breyner Andresen merece", sublinhou Vasco Teixeira.
De lembrar que, em Outubro de 2012, a Porto Editora já tinha assegurado os direitos de edição da obra em prosa da escritora.A obra da escritora estava dispersa por diversas editoras como a Salamandra, Portugália, Livros do Brasil ou Caminho" por Lusa, publicado por João Moço in DN
PORTOCARTOON LANÇA TEMA 2013
Cartaz PortoCartoon
Liberdade, Igualdade e Fraternidade
"- Manoel de Oliveira e Saramago são prémios especiais
O tema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” vai servir de mote para o PortoCartoon - World Festival de 2013.
O convite à participação acaba de ser lançado aos cartoonistas de todo o mundo.
Como se pode ler no Regulamento do PortoCartoon 2013, “vivem-se tempos difíceis e controversos, com o mundo ainda longe dos ideais da revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade”. Acrescenta o documento, justificando o tema: “O velho mundo está em crise e os chamados 'países emergentes' escondem muita miséria e falta de liberdade real”. Apesar de alguns aparentes 'oásis', lê-se, o individualismo aumenta e, por tudo isso, “vale a pena empunhar, de novo e sempre, os ideais que mudaram o mundo em 1789”.
Excepcionalmente são instituídos  nesta edição do PortoCartoon, dois prémios especiais de caricatura, pela sua oportunidade. Um para celebrar os 104 anos do realizador Manoel de Oliveira que continua filmando. É o mais velho cineasta do mundo no activo  O outro, para evocar José Saramago, prémio Nobel da literatura, que teria 90 anos, se fosse vivo.
Esta será a 15ª edição de uma iniciativa do Museu Nacional da Imprensa que tem estado no pódio do cartoon mundial e que começou em 1998, precisamente com o tema das “Descobertas”, na altura inaugurado pelo Presidente Jorge Sampaio.
Georges Wolinski, um dos mais credenciados cartoonistas da actualidade  voltará a ser o presidente do Júri, reforçando assim a qualidade selectiva que tem sido apanágio do PortoCartoon.
No conjunto das catorze edições anteriores participaram mais de 7000 cartoonistas  dos cinco continentes.
O PortoCartoon tem tido a particularidade de ser subordinado anualmente a um tema de grande relevo internacional. A última edição foi dedicada aos “Ricos, pobres, indignados” e contou com o Presidente da república Cavaco Silva na inauguração. Das edições anteriores poderemos destacar: a Água, a Mudança de Século/Milénio, o Desporto, Gutenberg, a Globalização, Direitos Humanos, as Crises, ‘Aviões e Máquinas Voadoras’ e ‘Comunicação e Tecnologias’."
Museu Nacional da Imprensa 

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