segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Nuvens correndo num rio

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!


Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.


Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?


Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?


Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.

Natália Correia, in " Poesia Completa", Publicações D. Quixote, 1999

1 comentário:

  1. Natália Correia e a elevação do matriarcado em "Matriarca"! Quanta poesia, quanta, deixou vivida e escrita ao longo do seu percurso?!... Ela é ainda uma presença, a ajudar-nos, a fornecer-nos coragem, mesmo com a saudade a sangrar em nós... Natália é das não morrem porque não queremos!... Nunca.

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